segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Tempo de Pipa

Primavera,

Espero vê-la a cada novo setembro,
Mais linda e mais florida!
Vou continuar vestindo sua estampa liberty,
Usando seus arranjos, sua delicadeza, seu perfume vintage.

Mas espero que entenda
Que é tempo de andar por aí
Sem muito rumo...
Que agora, é hora!
De sentir a areia na sola dos pés
Descalços.
De deixar o sol queimar
A pele
À mostra
O corpo
Exposto
O cabelo
Solto
Solta
Deixa que seja.
Água
Fluido.
Que seja, próxima estação!
Laranja e vivaz!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

II Ensaio - Paradoxos de Zenon e de Conceição

Conceição anda meio torta pela vida... Ama o que é exato, mas troca facilmente os números que deveria aprender por letras curvilíneas que bordem o papel. Ama sobretudo as possibilidades e também as curvas que prometem surpresas na próxima virada... Conceição vai se jogar de paraquedas... Ama demais e acaba esquecendo limite, sequência, integral, soma e ... que pode  magoar alguém...  com essa teimosia e essa liberdade toda... Ela que ainda não consegue achar o limite dessa série riscada de branco no quadro negro. Há de convergir...  Está difícil divergir em (ou de) si mesma. Será que converge?

quinta-feira, 5 de julho de 2012

I Ensaio - Visita


Deitou na manta que cobria o assento e inultimente tentou sentir algum resquício do cheiro, que foi a causa da embriaguez que lhe correu todo o corpo desde o momento em que abriu a porta e deu de cara com o moletom xadrez encorpado e  novo, apesar  de sempre. Como cabiam tanta doçura e tanto desejo naqueles olhos? Ou nos próprios refletidos na íris à sua frente, como preferiu acreditar depois. Sentiu-se tão mulher que, no mesmo instante, uma criança assustada emergiu à sua pele e roubou toda coragem de começar a história que lhe tira o sono agora.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Para Elisa


Bailarina na caixinha
Delicadeza lhe cabe
Dançar valsa sozinha
Um fardo foi
Frágil nem tanto
Solidão não mais causa medo
Maleável aprendeu a ser
Conforme a música toca
É que se balança
Tem raízes profundas
Dali não sai
-Se fez forte,
Boneca de cristal!
Enverga,
mas não se faz em estilhaços.