quinta-feira, 14 de março de 2013

Com Paixão

Texto carinhosamente revisado pela flor Ana. F.


 É tão fácil enganar duas mulheres? Se isto é um jogo, todas as regras foram quebradas. Amor não é jogo, meu bem. E aí você já peca. E só o que realmente se faz é jogar fora todo bom sentimento. Você estilhaça toda a confiança. Aquela que tenho em mim e a que tenho nas pessoas. Estou ficando doente, quando, na verdade, o doente é você.
Não te culparia por se apaixonar por alguém e precisar viver isso . Por mais que doesse, me esforçaria, entenderia que alguns sentimentos são confusos e podem coexistir no peito da gente mesmo. Eu te deixaria livre, para viver plenamente essa história... enquanto fizesse sentido... mesmo que isso quisesse dizer pra sempre. Mesmo que isso significasse que eu teria de perceber que era hora de seguir meu caminho. Pra mim, não seria nem um pouco fácil abrir mão de todos os sonhos, nos quais, sem querer, incluí você... Mas seríamos ambos mais felizes.
Aquilo com o que eu não me conformo ainda é que prazer seja sentimento; que se aproveite da ausência de quem não pode estar presente. E a cada noitada sua, você conhece uma garota, sente desejo, atração. Nossa, que pernas bonitas! Nossa! Que decote! Un... Essa cinturinha!
É tão indispensável assim? Tão imperdível?
 E você cuida daquela garota a noite toda,  conversa agradavelmente, conta das viagens que fez - a maioria comigo!-, conta das partidas de futebol do campeonato brasileiro - que costumávamos assistir juntos toda quarta -, conta que ama brincar com bebês - principalmente meu irmãozinho mais novo. Conta também que ama teatro - não conta que sua irmã, minha melhor amiga, é atriz -, fala do quanto gosta de nadar - e dos nossos mergulhos aos domingos... deveria mostrar aquela foto, que todo mundo acha linda, de nós dois abraçados, metade imersos no espelho d´água... aquela foto... que o sol tá quase tão brilhante quanto o nosso olhar em direção um ao outro.
E, no fim, você leva a menina para o seu apartamento, meio bagunçado - porque estou apertada demais no hospital pra te ajudar a organizar - ... as roupas amontoadas num canto no chão do seu quarto, os tênis esparramados pela casa. Mas ela não liga. Ela já se comoveu com você. Ela já gostou do jeito que você a olha nos olhos, de como segura a mão dela, de como passa a mão pela cintura dela e a envolve, apertando-a contra seu corpo. Ela já gostou do seu cheiro, da camisa do seu time de futebol ou da camisa da sua banda preferida. Ela já gostou do jeito que você ajeita o cabelo dela. De como você é discreto e polido. Ela já gostou do seu tipo e principalmente do seu beijo, do seu gosto. E, assim, pra ela você é um cara capaz de se doar por inteiro. E ela nem imagina quão pela metade andam sendo seus compromissos. Você mostra a vista da sua varanda pra ela e como as estrelas estão bonitas. Ela se encanta. Começam a brincar com as roupas. Até que vocês morrem  madrugada afora,  ficam satisfeitos... se abraçam.... dormem juntinhos. Você dá um beijinho no ombro dela, elogia o corpo, aperta-a contra o seu e a faz dormir em seus braços. Pede o telefone, deixa aberta a possibilidade de um contato. Vocês podem - por acaso - se encontrar de novo. Você é todo fofo, oferece um café... se ela aceita, você gentilmente prepara... mas normalmente ela recusa... As vezes tem espaço para o banho... Finalmente, vocês descem as escadas de mãos dadas, você a levará em casa. O caminho é uma estrada... torta... Afinal, já amanheceu...  Você muda sua expressão, o carinho já não é tão macio mais, meio áspero ou duro talvez...  Será que ela já conseguiu assumir que se deixou enganar por você?  Você se arrepende? Ou é só medo de que ela possa pregar demais ou faça com que tudo isso caia em meus ouvidos? Você esfria. Ela nunca mais vai ter você. E eu? Eu jamais saberei desse(s) episódio(s).